Ailton Krenak - É muito significativo estarmos falando sobre esse histórico do colonialismo – o movimento de tomada de territórios pelo Ocidente, que se estendeu a ponto de ocupar essa grande região americana. Outro dia, eu estava refletindo sobre a correção de chamar os povos originários deste continente de “ameríndios”. Ch(Continua...)
Ailton Krenak - Se pensarmos na própria ideia das fronteiras do Brasil, vemos que são fronteiras que estão o tempo inteiro se deslocando. São fronteiras fluidas que demarcam ou sugerem limites entre mundos, que podiam ser bem identificados como mundos em guerra. Uma espécie de guerra na qual a primeira camada poderia ser percebida co(Continua...)
Alan Brum - Eu nasci no Complexo do Alemão. Minha avó chegou lá na década de 1950, então minha família e meus pais se casaram ali. Entrei na universidade em 1997 e comecei um trabalho como professor de jovens e adultos. A partir daí, esse grupo se fortalece e a gente cria o Raízes em Movimento em 2001. Hoje temos um trabalho focad(Continua...)
Eliane Caffé: As principais e estruturais são a língua, o choque cultural e o trabalho.
Carla Caffé: A questão da moradia lida com hábitos íntimos e, muitas vezes, esse choque cultural vem de coisas básicas. No processo do filme tivemos uma experiência de conflito cultural muito impactante para mim. Algo comum para(Continua...)
Eyal Weizman - Eu diria, antes de tudo, que a valorização da terra pela especulação é em si uma forma de violência, porque o valor da terra opera como maneira de designação racial e classista de áreas. Quando você fala tanto da favela quanto do campo de refugiados, você tem dois direitos que de certo modo estão em contradiçã(Continua...)
Kenarik Boujikian: O desafio que entendo premente é a necessidade de mudar a cultura dentro do próprio Judiciário. Vemos que uma grande parcela dele não tem clareza de que seu papel é garantir direitos fundamentais, direitos humanos. Dificilmente essa missão será concretizada se o Judiciário não enxergar como sua real função de(Continua...)
Luiz Felipe de Alencastro - O sistema escravista brasileiro tinha uma escravidão urbana muito importante. Nos Estados Unidos também havia no Sul, mas não eram grandes cidades. O Rio de Janeiro em 1850 tinha 42% da população escrava, com 110.000 escravos entre 260.000 habitantes. Era a maior concentração urbana de escravos desde o f(Continua...)
Paulo Tavares - A arquitetura moderna é estruturalmente colonial, e vemos grandes exemplos disso em vários territórios no mundo. A produção arquitetônica moderna que aconteceu na África colonial durante a primeira metade do século XX, quando esses territórios ainda eram ocupados por europeus, por exemplo. Temos que falar em term(Continua...)
Raquel Rolnik - Hoje, tanto na arquitetura como em outros campos, nós estamos vivendo um momento de um repensar. De um repensar a profissão, de um repensar o seu papel dentro da profissão. Eu me formei em arquitetura nos anos 1970, e minha formação estava muito vinculada ao projeto utópico do modernismo. E o projeto utópico do mode(Continua...)
Eu acho que foi a confluência de minha vida como feminista e de meu estudo de medicina. Eu comecei a estudar muito jovem e experimentei por muitas vezes algo que hoje eu sei que se chama discriminação, mas, naquela época, eu não tinha ideia de que aquilo tudo tinha um nome. Dois ou três anos depois, eu comecei o ativismo em alguns grupos e(Continua...)
Eu vim para São Paulo, como todo imigrante, com o sonho de vir para uma grande metrópole e aqui conseguir trabalho e moradia; com todos os desejos que são de qualquer cidadão, independentemente do local de origem. Só que, quando eu cheguei em São Paulo, apesar de ser brasileira, eu me senti uma refugiada em meu próprio país. Eu vi que a (Continua...)
É absolutamente lógico que as pessoas estejam em guerra. A condição de vida, de vida normal, já não existe mais. As pessoas estão vivendo em péssimas condições. Todo mundo sabe que, em última instância, o fim da Primeira Guerra Mundial foi provocado pela gripe espanhola, quando todos os soldados, de ambos os lados, ficaram muito doen(Continua...)
É uma trajetória interessante. Penso que a minha jornada é apenas uma das muitas jornadas que as pessoas afetadas pela guerra, ou por outras deslocações forçadas, enfrentam. A minha, em específico, começou em 1992, com o início da guerra na Bósnia. De um dia para o outro, percebemos que precisávamos partir. Você vai para o seu pequen(Continua...)